Quem sou eu

segunda-feira, 26 de outubro de 2015



Revele-se, sem medo!
Num mundo onde as pessoas nunca se expuseram tanto, ainda que por trás de smartphones, tablets e computadores, o coração humano nunca precisou tanto se expor – assim mesmo, contraditoriamente.
Ensinaram-nos a engolir o choro, como prova de maturidade e firmeza. Uma das mais profundas balelas já perpetuadas.
Aprendemos a não nos abrirmos demais aos outros, com medo da decepção, da frustração. Assim, presos em nós mesmos, nos acostumamos a tocar a vida passando por cima de nossos sentimentos.
Ou os escondendo dentro de nós mesmos, os transformando em angústia, euforia ou o que pudermos fazer para maquiá-los.
Desabafar, falar do que está na alma, virou coisa de gente dramática, pura e simplesmente. As pessoas não querem ouvir. Cansa. E faz sentido, em muitos casos. Mas em muitos, muitos outros, o compartilhar (na vida real) é justamente a cura para aquela dramaticidade.
Cada vez mais as pessoas (as que interessam) conhecem menos de nós. Sabem, sim, o que fizemos no fim de semana, para onde viajamos, com quem nos relacionamos, de que música gostamos, que roupa compramos… Porém, pouco, muito pouco, sabem da nossa alma.
Muitos de nós, minha gente, criamos cascas. Das mais duras. Criamos defesas com as quais revelamos somente aquilo que nos convém, e não aquilo que precisa ser revelado.
É por isso – entre outros motivos – que os relacionamentos (de todos os tipos) nunca foram tão frágeis, tão artificiais, tão instantâneos. Sem conhecer a alma do outro, não há como chegar ao outro.
É por isso que o coração humano, tão conectado e interligado aos outros, nunca sentiu tanta solidão, mesmo sem perceber.
Se este que vos escreve tem algum direito de lhe dirigir conselhos, eu ouso pedir-lhe que não tenha medo de se abrir, de rasgar o coração, de revelar quem você é, não como você gostaria de ser ou como gostaria de ser visto ou aprovado.
Tenha coragem de fazer diferente do que, até aqui, se convencionou como o mais seguro.

Torço por vocês!


Nenhum comentário: