Quem sou eu
- Haroldo Barbosa
- Buscador da Verdade
sábado, 19 de outubro de 2013
QUANDO A VERDADE É INVERDADE
Desde que somos crianças, algo que sempre procuram nos ensinar, é que nunca devemos mentir, que só devemos falar a verdade, pois é muito feio mentir.
Até contam a história de um certo Pinóquio, cujo nariz crescia a cada
mentira contada. Tremenda mentira essa, pois se verdade fosse, qual seria o tamanho do nariz de nossos políticos? Na verdade, o que mais vemos pela vida afora são pessoas que, para não dizer que mentem, dizemos elegantemente que não seguem estritamente a veracidade dos fatos.
Sempre estamos convivendo com distorções da chamada verdade. Experimentem fazer uma tentativa, ou seja, ficar UM DIA, apenas um dia que seja, sem dizer uma única mentira, por menor que ela seja. Mas sejam sinceros, não mintam...
Seja para justificar um pequeno atraso, quando dizemos que houve
congestionamento de transito, ou pneu furado, ou qualquer outra história que nos ocorra no momento, mas jamais diremos que perdemos a hora porque dormimos demais, que seria a verdade verdadeira.
Quando deixamos de fazer algo que nos pediram, nossa criatividade é
realmente posta à prova, pois não nos faltarão desculpas as mais
esfarrapadas possíveis. Mas dizer simplesmente: "Esqueci, desculpe-me..." não se diz. Ninguém gosta de admitir que cometeu o "crime do esquecimento".
Se for pessoa de mais idade, o perigo é maior, pois poderá ser falsamente considerado esclerosado. O que será mais uma mentira.
Enfim não faltam "justificativas", quando o mais honesto e correto seria admitir nossas falhas, porque afinal somos humanos, e como tal, sujeitos a erros, esquecimentos e mais uma porção de coisas que ninguém gosta de admitir. Julgar que somos infalíveis, é a maior de todas as mentiras que nos dizemos...
Uma bela definição sobre verdade pode-se ver nesta citação de Khalil Gibran Khalil:
A verdade de outra pessoa não está no que ela te revela, mas naquilo que não te pode revelar.
Portanto, se quiseres compreendê-la, não escutes o que ela diz, mas antes, o que não diz.
É preciso mesmo saber ler nos olhos, ou na maneira de seu interlocutor
falar, para que se possa "ler" a verdade verdadeira. É preciso que saibamos "entender" onde está a verdade naquilo que estamos ouvindo.
Quantas vezes temos que "falsear uma verdade" para não ferir alguém.
Quantas vezes deveremos dizer uma mentira piedosa, e não uma verdade nua e crua. Quantas vezes estamos diante de alguém que quer nos dizer alguma coisa, mas por circunstancias diversas não pode ou não quer dizer a realidade dos fatos. Nessas ocasiões, temos duas alternativas, ou
"engolimos a pílula dourada", usando a política do "me engana que eu gosto", ou procuramos "ler" a verdade que nos está sendo escondida.
Muitas vezes é mais gratificante "ler" a verdade, e deixarmos que pensem que estamos sendo iludidos. Existem casos em que não é realmente bom que a verdade venha à tona.
Tenho certeza de que todos já vivemos situações análogas.
Fica então a pergunta que mais vezes as crianças nos fazem: "Mas se papai está em casa... por que mandou dizer que não está?" "Por que papai não quis falar com aquela moça que telefonou?" "Por que nos dizem tantas mentiras, e quando mentimos, nos castigam?".
Em verdade (será que é mesmo?), sempre convivemos com mentiras, sejam pequenas, grandes, ou médias... Sempre será, pelo menos, um "falseamento da verdade". E sempre procuramos passar a imagem de que não mentimos, os outros nos mentem, nós apenas omitimos uma realidade detestável...
Claro que existem certas "mentiras necessárias", em situações que a verdade apenas irá precipitar uma crise, ou piorar uma situação. Exemplo, um médico diante de um paciente terminal, cujo conjugue poderá não suportar saber que seus dias estão contados. Dizendo a tradicional "mentira piedosa", ou seja "ele está estável e melhorando...", poderá permitir que sua cabeça seja mais
bem trabalhada para suportar a inevitabilidade do fato.
Existem muitas situações análogas, quando não é aconselhável dizer-se a verdade... Essa pobre e tão reclamada verdade, sempre exigida nos outros, principalmente para as crianças, e que nem sempre empregamos.
Será que é de tanto ouvir os adultos mentirem, que as crianças gostam de mentir?
Sem poder dizer onde está à verdade, faço questão de, em verdade, desejar um dia FELIZ.
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