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sábado, 6 de junho de 2009

A importância do ritual

Certa vez, conversando com um amigo sobre a era de aquário uma questão foi levantada e debatida, a importância do ritual no momento planetário hodierno.Este meu amigo argumentava que na era de Aquário não haveria mais espaço para as escolas alicerçadas em procedimentos ritualísticos, pois o homem aquariano não se sujeitava mais a disciplina das formas. Seu discurso claramente influenciado pelas atuais manifestações de gnosticismo dualista-maniqueísta parecia desprezar aquilo que vinha da matéria como algo que jamais poderia exercer influência sobre o espírito. Apesar de discordar de seu posicionamento tivemos uma conversa saudável e esclarecedora. No entanto, a temática parece-me de suma importância, uma vez que entender o mecanismo de funcionamento de um Ritual penso ser imprescindível para um iniciado. O que proponho aqui não é a crítica a movimento "A" ou "B", muito menos impor nada, mas trabalharmos positivamente e, se possível, fundamentando com elementos de pesquisa quanto ao valor da liturgia.Particularmente, entendo que os procedimentos ritualísticos não extraem sua força de adereços ou ferramentas em si, mas da idéia por traz das mesmas. Mais especificamente, refiro-me aos símbolos que funcionam como ponte de ligação entre consciente, inconsciente e divino. No livro Tratado da Reintegração dos seres de Martinês de Pasqually, o mestre ao narrar sobre a queda de Adão afirma que o mesmo perdeu sua condição de ser "pensante", uma força ativa do pensamento divino, e passou a ser pensativo, um elemento passivo de um constante jogo de forças. Destarte, temos que em nossos pensamentos guardamos um mistério, um segredo, onde a chave parece residir no ritual, posto que o mesmo funcionaria como meio de redirecionamento de nosso ser mental e emocional para uma realidade a muito esquecida. Naqueles breves momentos liturgicos, através da constante repetição Adão parece reaprender a ser pensante e evitar a dispersão de idéias e fascínio pertinente do mundo material.
SÂR MÉRODACK
Portanto, na minha opinião, vejo o Ritual como uma ETAPA necessária na senda. Dion Fortune na festejada obra A Cabala Mística ao discorrer sobre a sefira Kether e a contraposição entre as formas e seu caráter inefável, tece as seguintes considerações:"A forma é a matriz na qual a consciência fluídica é mantida até adiquirir uma organização à prova de dispersão; até tornar-se um núcleo de individualidade diferenciada do mar amorfo do puro ser. Se a matriz for quebrada muito cedo, antes que a consciência fluídica se tenha formado como um sistema organizado de tensões esteriotipadas pela repetição, a consciência se retrairá para o amorfo, assim como a argila retornará a lama se libertada do amparo do molde antes de ser queimada. Se há um místico cujo misticismo produz incapacidade mundana ou qualquer tipo de disposição da consciência sabemos que o molde se quebrou muito cedo para ele, e ele deve retornar aa disciplina da forma até que sua lição tenha sido aprendida e sua consciência tenha alcançado uma organização coerente e coesa que nenhum Nirvana possa destruir."A liturgia, a ritualística ou seja lá como desejemos chamar é um elemento primordial a todo Buscador; os elementos que o compoe: fogo, incenso, musica, palavras, gestos, etc. tem por objetivo conectar o praticando com as esferas mais elevadas e pela harmonização destes com uma técnica apropriada na maioria das vezes cumpre sua finalidade. Saint-Martin certa vez questionou seu Mestre Pasqually se eram necessários todos aqueles elementos para comungar com Deus... e logo em seguida compreendeu a importância da liturgia aplicada.Quanto sozinhos podemos ter acesso ao Pai, pois Sua Casa possui inúmeras Portas, mas somente àqueles espírito mais evoluídos conseguem verdadeiramente abrir a maçaneta desta porta, enquanto que a maioria fica à sua frente sem saber o que fazer... o papel da Tradição é justamente dar o arcabouço necessário, propiciar as ferramentas para se ascender seguramente rumo a estrada do Pai.Raymond Bernard coloca que os Realizados possuem uma ritualística apropriada para comungar com o Par Superior e, crendo nisto, podemos perguntar: pq nós não precisaríamos? sou tão auto-suficiente a ponto de ser dispensável um sistema provado e aprovado? ou será que necessito ter uma humildade maior para entrar no Templo, que possui uma porta pequena demais?... reflitamos, pois!Frat. Stanislas
10/11/08
Marco Έρμής Reforçando o que tão bem proferiu o Irmão Stanislas, todo ritual é constituído por um conjunto de símbolos. Não só os objetos, figuras ou ornamentos, mas também os gestos e palavras pronunciadas, todos fazendo parte do Ritual.Podemos dizer que todos os elementos de um ritual tem o valor de símbolo por sua própria natureza e que os rituais são símbolos postos em ação - por exemplo, todo gesto ritual sendo um símbolo atuado.Enquanto o ritual assim como a ação são realizados no tempo, o símbolo é intemporal. Teríamos então um príncipio de correspondência - já que ritual e símbolo fazem parte da mesma realidade - unindo todos os níveis de existência.Ou, em outras palavras, através do ritual o estado humano entra em contato com estados de existência mais elevados.
Stanislas
Texto extraido da comunidade OKR+C ( www.okrc.org )

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